Estevão Chissano faz uma ode ao vento na nova obra musical

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Estevão Chissano tem uma nova obra de música clássica. Moya (literalmente, vento em português) é o título do novo trabalho, concebido para um quinteto de cordas (dois violinos, uma viola d’arco, um violoncelo e um contrabaixo). A pretensão do aluno do Projecto Xiquitsi, nesta nova odisseia, foi a de produzir uma “ode ao vento”, tentando, através duma linguagem musical e diante das suas possibilidades, desenhar as suas diferentes facetas.

A composição da obra começou em Maio e, já no fim de Julho, Chissano já tinha montado a estrutura de Moya, voltando a mexer nela diante das sugestões que surgiram da parte dos músicos dias antes do concerto de estreia, a 21 de Agosto, no Japão.

Nesta nova obra, depois de Ku Ringisa, Estevão Chissano explora “um pouco daquilo que chamamos de técnicas estendidas, em busca de novos efeitos sonoros, por exemplo o ruído produzido quando passamos a mão sobre a madeira, neste caso o corpo do instrumento, entre outras opções. Outro ponto é a utilização de ritmos e melodias típicas moçambicanas, posso dizer que o meu lado moçambicano esteve menos tímido desta vez, algo que pretendo alimentar nas minhas próximas peças porque serve de impressão digital”, afirmou o músico, confessando que, apesar de Ku Ringisa ser mais complexa tecnicamente, Moya tem desafios localizados que podem dar algum trabalho.

Na percepção de Chissano, cada música é uma peregrinação, por isso gostava que nesta viagem as pessoas pudessem também contemplar as frases da natureza alfabeta, as quais têm uma correspondência com o que acontece na vida. Afirma o autor: “O fenómeno vento pode ser dócil, tranquilizante, pode nos dar aquele abraço naquele momento certeiro que a tristeza desmorona em nós (a brisa), mas pode ser também arrasador, destilando a sua raiva, deixando tudo de pernas para o ar (a tempestade). Se nos deixarmos possuir pelos segredos da natureza, somos capazes de dar um salto quântico e responder sabiamnte às caretas que a vida nos mostrar”.

Estevão Chissano nasceu em Gaza, em 1994. Estudante de Geologia na Universidade Eduardo Mondlane e começou a interessar-se pela música na igreja. Em 2014, já em Maputo, teve a oportunidade de aprender música junto de profissionais na área, através do projecto Xiquitsi, criado por Kika Materula, Directora Artística. Chissano participou dum workshop orientado pelo compositor italiano Maurillio Cacciatore e, no ano corrente, está sob orientação do professor Filipe Fernandes. Parte do resultado do trabalho nesta classe são as seguintes composições: Missa para o Cordeiro, o Meu Sol - Missa em Sol menor (com cinco movimentos: Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus e Agnus Dei) para Coro e Orquestra de cordas, dois clarinetes Sib e oboé e/ou flauta – estreada na íntegra no dia 9 de Maio de 2017 em Maputo; Ku Ringisa (Divertimento para Violino Solo (com três movimentos) dedicada à violinista Maya Egashira), estreado no dia 14 de Outubro de 2017, no Japão, e em Moçambique a 9 de Maio deste ano, no âmbito da 2ª Série dos Concertos da Temporada de Música Clássica, em Maputo; Kutwanana (Harmonia) (arranjo duma música tradicional, em Changana, para Coro e Orquestra de cordas e dois clarinetes Sib. Estreado no dia 10 de Maio; e Moya, estreado no dia 21 de Setembro deste ano, no Japão.


Fonte: O País

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