Stella Mendonça considera que o país deve investir na música erudita

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O Musiarte Conservatório de Música e Artes Dramáticas realizou, na noite de quarta-feira, na Fortaleza de Maputo, um concerto de apresentação da performance de 36 alunos daquela escola. A oportunidade serviu para mostrar ao público e aos financiadores das bolsas de estudo dos jovens artistas, a Ímpar, o resultado de anos de dedicação a um propósito: música erudita.

No evento bem concorrido, em relação ao que tem sido habitual segundo os alunos, a fundadora e professora do Musiarte, Stela Mendonça, defendeu que é preciso o país investir na música erudita e vencer os preconceitos de que o género é para alguns. "Nós não devemos subestimar a nossa alma, a nossa abertura ao mundo e às culturas. A arte é aquilo que não tem fronteiras, é uma forma de estar, é vida e muita coisa junta. Os moçambicanos fazem parte do mundo. Então, não há nada que proíbe que nós gostemos deste género musical ou desta expressão artística".

De acordo com Stella Mendonça, artista cujos méritos são reconhecidos internacionalmente, os alunos do Musiarte estão a estudar com perspectivas de desenvolver a própria comunicação artística no que tange à música erudita. Nesse sentido, é necessário muita restruturação e reinvenção, afinal, sublinha Stela Mendonça: "Nós, os moçambicanos, somos um povo muito sofisticado dentro de nós e das nossas almas. Dentro das nossas atitudes podemos ter esta sofisticação musical e artística". Para o efeito, é indispensável que concertos de música erudita cheguem a mais gente. Por isso mesmo, é pretensão da escola Musiarte tornar a oferta dos seus concertos algo constante.

Ao mesmo tempo que Stella Mendonça considera importante a oferta de concertos ao público, a fundadora do Musiarte chama atenção para que os fazedores de música erudita tenham a preocupação de se envolverem sem imitação e com conhecimento. "Às vezes, com emoção, porque gostamos deste estilo de música, acabamos por imitar e até transformamos aquilo que são as partituras originais. É neste capítulo que devemos ser exigentes. Devemos saber, educarmo-nos, expandir, partilhar o resultado dessa aprendizagem e deixar a alma deliciar-se".

Musiarte é um Conservatório de Música interessado em formar os talentos que o país possui. E um dos que se destacou no concerto realizado na Fortaleza de Maputo foi Carlos Nhamizima, quem assume ser complicado fazer música clássica no país. Ainda assim, o aluno do Musiarte diz que o cenário está a mudar. Concorre para a mudança o facto de, agora, existir outros grupos praticantes da música erudita, o que vai envolvendo mais interessados.


Fonte: O País

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